sexta-feira, 18 de setembro de 2009

HEIN?

Sabe aquele momento da vida em que você não sabe o que fazer? Não sabe se casa ou compra uma bicicleta? Não sabe se volta a estudar (?) para a Residência ou se espera pelo contrato com a prefeitura do Cabo, que já não é mais tão certo quanto antes?
A prova do HC é dia 15 de novembro. Faltam menos de 2 meses. Eu não estudo como deveria desde... sempre. Tem o bebê. Tinha desistido porque precisava de dinheiro, precisava trabalhar. Não estava com vontade de começar a Residência e parar logo no 2º mês por causa do parto.
Mas aí veio a greve dos médicos do Cabo, a contratação não está mais certa, minhas dívidas se acumulam. E ainda tem o bebê. Fazer a prova da Residência e pelo menos garantir uma bolsa para o ano que vem? Mas como estudar sem cabeça nenhuma?
Eu faço o quê, pelo amor de Deus?

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

FAZENDO UMA MÉDICA FELIZ!


Durante algum tempo naquele curso que não tinha fim, achei que poderia ser feliz fazendo qualquer outra coisa. Poderia passar num concurso para técnico administrativo e trabalhar numa repartição pública, 8 horas por dia, segunda a sexta, folgar nos finais de semana e feriados, chegar em casa e não ter que me preocupar mais. Poderia trabalhar num banco, arrumadinha, de roupa social e salto alto, no ar condicionado. Poderia até nem trabalhar! Mas - não entendia nem por quê - insisti em ser médica.

Aí ontem, domingão, sol no céu, marido dormindo sossegado até mais tarde, aquele aconchego convidativo no meu lado da cama, levanto eu às 5 e meia da manhã para ir ao Memorial dar plantão. Putz! Tanta coisa mais interessante para fazer no domingo!... Tanto tempo que eu não vou à praia!... Que invenção é essa de ser médica? Pegar 2 ônibus para voltar àqueles plantões em que eu fico tanto tempo sem fazer nada, esperando dar a hora de ir embora!... Que tédio!

Acontece que Deus, lá de cima, ria da minha total ignorância quanto a mim mesma. Ria por me conhecer melhor do que eu e saber exatamente o que me deixaria feliz. Estava no Memorial novamente, no mesmo dia de antes, com as mesmas pessoas de antes, porém havia um detalhe: agora eu tinha carimbo. E um carimbo abre todas as portas dentro do hospital!

"Doutora, o médico de ontem esqueceu-se de solicitar esses exames. A senhora pode fazer isso?"

PREENCHE QUE EU CARIMBO!

"Doutora, desde que Juquinha acordou que não pára de sentir febre. O que eu faço?"

VOU PASSAR UM ANTITÉRMICO E DAQUI A MEIA HORA EU REAVALIO PARA LIBERÁ-LO, CERTO?

Ontem, naquele consultório, trabalhando feito um burro de carga (comprovei que o Memorial é, de fato, uma exploração), passando 6 horas sentada sem conseguir levantar para tomar água por causa da fila de meninos doentes e mães apavoradas, descobri que não seria feliz em nenhum outro lugar, mesmo que trabalhasse menos e ganhasse mais: eu sou feliz assim, sendo médica. Sou feliz pegando meus bebês na sala de parto, vendo-os nascer rosadinhos e chorando feito bezerros desmamados. Sou feliz quando atendo uma menina desesperada pela dor na barriga e consigo fazer melhorar receitando algumas gotas de analgésico. Sou feliz até mesmo quando tenho que suturar a perna de um menino de 11 anos, manhoso que só ele, que se arrebentou porque foi desobedecer à mãe (tá vendo? Bem feito!), ainda que por causa desse menino eu acabe saindo do hospital quase às 8 da noite...

E durante todos aqueles anos em que eu reclamava (fato raro!) da vida, Deus olhava e ria, por saber que eu estava indo no caminho certo, mesmo que ele fosse longo e difícil. Nunca achei minha profissão tão linda e interessante quanto agora, depois do meu carimbo, depois que eu mesma posso estabelecer condutas sem precisar da autorização de ninguém. Nunca tive tanta vontade de estudar quanto agora, para saber como conduzir os casos menos comuns. Nunca fui tão feliz!

E o Veleiro, acostumado às minhas lamúrias, precisava saber disso.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

SMAC!




Estou com muita preguiça hoje. É sexta-feira, aniversário do Capitão, eu deveria estar lendo alguma coisa de Pediatria, pelo menos para não fazer feio domingo. Vou começar a trabalhar como médica no Memorial. Será quase o mesmo trabalho que eu fazia antes, acrescido do atendimento às urgências. Como acadêmica eu só evoluía os bebês do alojamento conjunto e ficava na sala de parto; agora eu vou ficar na sala de parto e no consultório, cuidando dos meninos cansados, vomitando, com febre... Eu deveria estar lendo, mas tô com uma preguiça dos infernos... Nessa semana fiz faxina em casa (a última da minha vida, finalmente contratei alguém para dar conta desse serviço por mim!), arrumei o que estava bagunçado, cozinhei... Tudo para passar o tempo enquanto os médicos do Cabo de Santo Agostinho fazem greve e me impedem de assumir minha função num posto de saúde da prefeitura (e ganhar dinheiro, o mais urgente nesse momento!). Vou trabalhar ao todo 5 dias por semana, sendo que um deles vai ser no domingo, o que é chato (D-E-M-A-I-S), porém necessário. Hoje, mesmo com os pratos sujos na pia e o plantão batendo à porta, estou mais a fim de assistir à televisão...
Meu bebê está com 14 semanas (faltam só 23...) e tudo corre bem com ele. Os enjôos melhoraram significativamente, talvez enfim tenha passado esse período. E é aniversário do Capitão! 31 aninhos de pura beleza, carisma e sensualidade, sendo 12 ao meu lado! =D Meu amorzinho, que me faz tanta raiva, mas também torna minha vida tão mais interessante! Parabéns para ele! Um beijo!
(Na foto: êita, homem bonito!)

terça-feira, 1 de setembro de 2009

E ENFIM!


Saiu o meu CRM.

Agora acabou-se.

Não tem cristão nesse mundo que diga que eu não sou médica.

E começa uma nova era para esse Veleiro de Cristal...