Eu queria hoje ser uma mulher daquelas bem descoladas. Sabem aquelas pessoas que se jogam de cabeça nas aventuras da vida e esperam pra ver no que dá? Aproveitar que tá tudo de cabeça pra baixo pra construir uma rotina nova, mudar os móveis de lugar, sair pela rua carregando a bebê no braço e desbravando o mundo! Porque aquela vidinha morna, diária, previsível, enfim, acabou.
Eu queria mandar esse medo de dirigir pra PQP (putz, por que o trânsito dessa cidade tem que ser tão difícil? Quando eu começo a criar coragem de novo os acidentes se multiplicam, morre gente conhecida debaixo de caminhão, que inferno!), pra não achar tão ruim me mudar pra um bairro distante da minha mãe (andar de ônibus com Lulu no Recife, vocês não tem noção...). E eu me lasquei o ano passado todinho trabalhando feito uma burra de carga pra pagar esse apartamento apenas porque eu iria com a família, mas agora vou ter que ir só, já que o outro abandonou o barco. Putz de novo, se fosse pra morar sozinha eu não teria comprado um apartamento tão longe!
Eu queria não ser tão dependente das outras pessoas, mas sempre fui, desde pequena, e agora tô achando uma droga ter que resolver tudo sozinha. Conheço pessoas que se saem muito bem nessas situações, mas eu tô apanhando! E aquela história de fazer um outro curso pra espairecer a cabeça não vai dar certo, porque o apartamento (lindo, porém no fim do mundo) é longe demais pra uma mãe que ainda precisaria buscar a cria na casa da avó às 10 e meia da noite... Joguei meu dinheiro fora de novo? PUTZ!!!
O Veleiro hoje não tem notícias de Lulu, só minhas. Ela continua linda, fofa, inteligente, esperta, feliz. A mãe dela é que tá só o bagaço da laranja...