quinta-feira, 11 de agosto de 2011

A PEDIDOS, UM POST DE UTILIDADE PÚBLICA!

Meu povo, escrever um post sobre primeiros socorros para crianças é muita responsabilidade... Mas, atendendo a pedidos, vou tentar dar umas dicas que aprendi na faculdade, ok?

Os tipos de acidentes passíveis de acontecer com as crianças dependem da idade em que elas estejam. Crianças pequenininhas sofrem mais com engasgos, até leite pode acabar descendo pelo lado errado da garganta...Quando começam a crescer e descobrir o mundo, podem engolir objetos, queimarem-se no fogão, afogarem-se... Sei que é assustador só de pensar, mas asseguro que a reação dos pais ou responsáveis pela criança na hora do acidente é muitíssimo importante, pode significar a diferença entre vida e morte. Até porque nem sempre há um hospital por perto (já pensaram nisso? O hospital mais perto da casa de vocês fica a quantos minutos de distância...

A primeira coisa a fazer é também a mais difícil: manter a calma. Um adulto nervoso só piora as coisas. Imagine que seu filho já está assustado o suficiente e que você é o único porto seguro para ele; além do mais, ninguém consegue fazer nada no desespero. Se tiver outro adulto com você, chame-o e peça para que providencie o transporte para o hospital: pode ser ligando para uma ambulância, pode ser pegando a chave do carro e tirando-o da garagem. O importante é que vocês consigam levar a criança para ser vista por um médico o mais breve possível.

Se a criança se engasgou com comida ou se sufocou com catarro, segure-a de barriga pra baixo (se for um bebê) ou incline-a para frente (crianças maiores) e bata no meio das costas, entre os braços, com a mão aberta. Mas bata com certa força, nessa hora alisar as costas da criança não dá muito resultado... Nas crianças maiores de 2 anos o melhor é colocar-se por trás dela e abraçar-lhe na altura da cintura. Coloque seu punho fechado em cima do umbigo dela e comece a apertá-la com força, direcionando levemente para cima. Essas manobras devem ser repetidas quantas vezes forem necessárias, e lembre-se de que é importante chamar ajuda para ir a um hospital, rápido.

Se a criança engolir algum objeto estranho, primeiro abra a boca dela e tente retirá-lo, se ainda estiver visível, fazendo um gancho com seu dedo indicador. Nessa hora, atenção: cuidado para não empurrar o objeto garganta abaixo. Depois faça as mesmas manobras para desengasgo e leve ao hospital.

Uma situação comum com crianças maiores é a ingestão de substâncias químicas. Outro dia peguei no plantão uma menina que achou legal comer a pastilha sanitária do banheiro (é sério!)... Nesse caso é prudente não dar nada para a criança beber e levá-la imediatamente ao hospital. Não dê leite, água com açúcar, nada disso, porque pode acelerar a absorção de algumas substâncias químicas e piorar o processo. Também não provoque vômitos, alguns produtos podem ser cáusticos e queimarem a garganta. Cada substância química tem um jeito diferente para ser removida do organismo, então é sempre melhor pedir ajuda médica nos casos de intoxicação. E leve a embalagem do produto, se possível, facilita muito o nosso trabalho!

Bom, é isso. Eu sei que não é fácil lidar com crianças vítimas de acidentes domésticos, eu mesma fiquei muito estressada quando Lulu se engasgou com o remédio. Mas é importante saber o que fazer nessas horas, e espero que essas dicas tenham ajudado. Podem copiar em seus blogs, se quiserem, tá?

Beijocas!

terça-feira, 9 de agosto de 2011

O DIA EM QUE A MÃE FALOU MAIS ALTO QUE A DOUTORA...

Sábado passado peguei, no final do plantão, uma menina de 4 anos que tinha engolido a tampa de um pen drive. Chegou na urgência quase sem respirar, eu e a outra plantonista corremos, fizemos todos os procedimentos possíveis, afastamos o perigo de vida e transferimos para um hospital de maior porte. Até onde eu sei o objeto foi retirado e ela ficou ótima. 1 x 0 para a doutora.

Hoje eu estava dando o antinflamatório a Lulu, que, como já foi dito, odeia tomar remédio. Dei a dose com uma seringa direto na boquinha dela e coloquei-a de pé no meu braço, para que chorasse, como de praxe. Só que Lulu não chorou. Olhei pro rosto dela e vi que estava rôxa, mole, sem movimentos: traduzindo, tinha se engasgado com o remédio e estava sufocando. Aí, minhas amigas, a casa caiu.

O lado racional do meu cérebro deve ter assumido o controle de todos os movimentos do corpo, porque inacreditavelmente consegui virá-la e iniciar as manobras para desengasgo. Mas a única coisa da qual consigo me lembrar é uma voz gritando na minha cabeça: "Ai, meu Deus! Ai, meu Deus! Ela tá sufocando! Ela não tá respirando! Ai, minha Nossa Senhora! Ela vai morrer!". Eram duas Marcellas naquela hora: a médica que aplicava as lições aprendidas na faculdade e a mãe desesperada na iminência de perder a filha. Foi chocante.

Graças a Deus (e só a Ele!), numa das vezes que apertei o diafragma de Lulu ela vomitou o remédio e meio quilo de catarro que estavam atrapalhando os pulmões. Então começou a chorar e as minhas pernas puderam tremer em paz... Mas, minha gente, o que foi aquilo??? Que coisa horrorosa, que sensação terrível, a pessoa tem um filho e minutos depois quase o perde??? Minha bebê, minha cabritinha linda, completamente cianótica e sem reação nos meus braços, foi definitivamente uma das piores sensações que já tive na vida, só comparável ao dia em que perdi meu pai! Pelo amor de Deus...

Sem sombra de dúvidas, cuidar do filho dos outros é infinitamente mais fácil...

P.S.: Perdi 3 quilos desde que o pai de Lulu foi embora. Ao menos essa tristeza toda tá trazendo algo de bom... rsrsrs

domingo, 7 de agosto de 2011

PRIMEIRO, A AULA. DEPOIS, A GRIPE...

É batata: mês de volta às aulas significa aumento no número de pacientes nas emergências pediátricas. Trabalho em uma e sei muito bem do que estou falando. É o maravilhoso mundo da disseminação dos vírus, trazendo seus resfriados, amigdalites e diarréias... =P

Dessa vez, porém, a novidade é que a doente é Lulu: na sua primeira semana de aula, já conseguiu pegar uma gripe daquelas... Febre, muita tosse, muuuuito catarro, falta de apetite, garganta doendo e o dia todo querendo colo de mãe. De mãe mesmo, nem o colo da avó serviu! Tô aqui aprendendo a arte de fazer TUDO com uma criança no braço. Tomar banho mesmo tá sendo uma beleza...

A questão é que eu descobri as desvantagens de ser médica nessas horas. Primeiro, a gente não tem nem o direito de se desesperar quando ouve a palavra virose. Esse é um daqueles diagnósticos que irritam as mães, não é? Parece que virose é tudo o que o médico não sabe o que é ou como se trata (digam se estou mentindo!), e quando dizem que a criança está com virose significa que não vão fazer nada de concreto a respeito. Ocorre que eu sei: não há remédio pra matar vírus. Não tem muita coisa pra fazer, tudo vai ser paliativo, só resta esperar mesmo. Se eu mesma tô dando o diagnóstico, vou me revoltar com quem?

Segundo, a pessoa fica em dúvida se toma as condutas por si mesma ou leva a um serviço de pronto atendimento pra ser examinada. Porque convenhamos: o atendimento nas emergências é um saco, não é? Demora pra caramba, tem gente pra caramba e geralmente os plantonistas prescrevem logo uma injeção. Tenho licença pra falar, porque faço de tudo pra não prescrever remédio injetável (já falei sobre isso aqui), mas conheço vários colegas que ainda acreditam que o melhor na urgência é furar a criança (aliás, tem muita mãe que prefere a injeção, sabiam? Vai entender...). Eu auscultei o pulmão de Lulu, olhei a garganta, iniciei xarope, antinflamatório, soro nasal, mas, sei lá, fiquei insegura... Cuidar do filho dos outros parece mais fácil...

Enfim, levei-a pra urgência hoje de manhã. Não disse que era médica (nunca digo) nem falei que já tinha iniciado um tratamento. O pediatra examinou (tá, isso eu posso falar: examezinho mixuruco ele fez. Sou mais o meu...), escreveu, por fim passou uma receita com os mesmos remédios que eu já estava fazendo. Bom, pelo menos confirmei que sei tratar direitinho dessas coisas...

Então, cá estou eu me preparando para um noite em que não irei dormir... Mãe dorme com filho doente? Tossindo, chorando, com dor? Lulu só está conseguindo descansar um pouquinho porque está no braço, numa posição em que o catarro não sufoca tanto o nariz. Ainda bem que não vou trabalhar amanhã... A SKY será minha companhia nesta madrugada... rsrsrs

E um remédio testado na prática: Profenid pediátrico. Recebi um bocado de amostras no hospital há alguns meses e resolvi testá-lo agora em Lulu. Já conhecia os efeitos em adultos, mas estou vendo que realmente é um antinflamatório eficaz mesmo em crianças. Lulu não chora de dor ao tossir depois que eu dou uma dose dele. Claro que até ela aceitar engolir o remédio é uma via crucis, mas isso não vem ao caso... Tem gosto de tutti frutti. #FIKADIKA

Beijocas!


terça-feira, 2 de agosto de 2011

O PRIMEIRO DIA DE AULA DE LULU

Eu escrevi um post enooorme sobre o primeiro dia de aula da vida de Lulu e o Blogger engoliu! Tô com ódio!

Vou resumir: terei que voltar a trabalhar de segunda à sexta, então precisei adiantar a ida de Lulu à escolinha. Escolhi um hotelzinho próximo da casa de mamãe (para dar um suporte), cujos donos são conhecidos meus da Igreja. Lulu encarou muito bem essa nova etapa, fez amizade com as outras crianças, brincou, assistiu aos DVDs, chorou só um pouquinho. Ela ficará na escola todos os dias pela manhã e à tarde mamãe ficará com ela, assim não fica pesado pra ninguém.

Também fiquei muito tranquila quanto à entrada de Lulu na escola. Ela é uma criança bastante sociável que tem uma mãe despreocupada. Sempre achei lindas aquelas crianças com suas mochilas indo pra escola, foi muito bom ver que era a hora da minha bebê ir. Depois, somos só eu e Lulu agora, preciso ter com o que pagar nossas contas. Estarei chegando em casa antes das 5 da tarde, tempo suficiente para dar banho, jantar e brincar antes de dormir. Os filhos estão bem se as mães estiverem bem. E eu estou.

Ana Luiza ganhou até uma agendinha escolar! Meu Deus, é uma moça! =)

Até a próxima!

segunda-feira, 25 de julho de 2011

AS MALVADEZAS NOSSAS DE CADA DIA...

Ana Luiza sempre tomou as vacinas sem muito drama. Talvez por eu ser médica e seringas fazerem parte da minha rotina, talvez por ela não ter tido reação nem mesmo àquelas mais chatinhas, o fato é que eu mesma a segurei no braço em todos os meses que necessitou levar as "furadinhas", sem caqueado. Mas nesse 1º semestre a minha vida desandou e eu acabei atrasando as vacinas - minha culpa, minha tão grande culpa - e pra não passar vergonha diante da pediatra resolvi atualizar o calendário todo num dia só. Então, pela 1ª vez, deu pena de ver a bichinha levar tanta injeção...

Antes de ser insultada, deixem-me explicar: é claro que ver uma agulha entrando na perninha da minha filha incomoda. Mas não é para o bem dela? Criança esquece a dor no mesmo instante, basta distraí-la depois da vacina e pronto! Pode ficar chatinha um dia ou dois, mas é muuuito melhor que ficar doente! Como médica evito a todo instante prescrever medicamentos injetáveis para as crianças, a não ser que seja realmente necessário, porque Dipirona xarope tem o mesmo efeito que Dipirona intramuscular. Mas vejo diariamente mães que dificultam a coleta de sangue dos seus filhos, as vacinas, porque não aguentam vê-los levando algumas furadinhas! Assim também não!

Em segundo lugar, quando resolvi dar 3 vacinas injetáveis no mesmo dia - ui! - foi pensando assim: pelo menos a dor é de uma só vez. Lulu nunca teve reação a vacina nenhuma, num instantinho passa! Melhor que levar duas hoje e ter que tomar outra na semana que vem. Juro, foi pensando nela...

Claro que a atendente da clínica de vacinação, a enfermeira, minha mãe, até a pediatra dela, todo mundo achou que eu exagerei... Lulu se agarrou no meu pescoço quase que pedindo "Mamãe, me salva!"... Pra ser solidária, tomei no mesmo dia a 2ª dose da vacina contra varicela (nunca tive catapora, já viram isso?), mas não adiantou muito pra aliviar o peso na consciência. E pra jogar a última pá de terra, Lulu achou de ter febre e andar mancando... #MIMATEM.

No dia seguinte, tudo bem, nada de febre, perninha normal, sorriso como se nada tivesse acontecido. E a mãe tá aqui, 5 dias depois, soterrada debaixo de tanta culpa, ainda sem se recuperar da enorme maldade que fez com a pobre filha. Ai, Jesus...

P.S.: Lulu me perdoou depois que comprei um Patatá pra ela. Simples assim.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

UMA MÃE DE SORTE!

Vivan, copiei a idéia do teu post, mas tô divulgando os créditos, tá? rsrsrs...

Minha menininha acorda beeeem cedo, mas nunca de mau humor. Gosta de dormir na minha cama, e dorme mesmo pra mamãe não ficar sozinha. Quando quer ir a algum lugar, me puxa pela mão e vai guiando. Fica sentada em cima da pia enquanto eu preparo o mingau, e dança com o barulho do liquidificador. Grita "mãããe" pra me entregar a mamadeira vazia, com um sorriso de satisfação, mas ainda arranja espaço na barriga pra me acompanhar no café da manhã. Adora pão ("mão!"), queijo, suco... Avisa quando quer ir ao banheiro ("xixiiiii!"), mesmo que nunca dê tempo de chegar lá... Pede pra colocar os DVDs preferidos ("Ta-tááá!") e se eu demoro ela mesma vai e liga o som (já briguei tanto, mas não tem jeito!). Dança com tudo, até com propaganda, e já sabe cantar várias musiquinhas da Galinha Pintadinha. Adora forró, se tiver passando um carro na rua tocando um rala-bucho ela pára de andar pra ensaiar uns passinhos... Só quer viver na rua, mesmo quando está chovendo (uma maloqueira...). Come comida de panela sem reclamar (melhor que a mãe...). Tem uma saúde de ferro (graças a Deus!). Faz birra de vez em quando e tem dias que só quer andar no braço (ai...). Dorme cedo, geralmente às 21h, e leva a mãe junto. É definitvamente uma menina feliz.

Sou ou não uma mãe de sorte? ;)

segunda-feira, 11 de julho de 2011

ATUALIZANDO...

Tô sumida, eu sei, mas é que as coisas não estão fáceis (mentir pra quê?)... Ando completamente perdida na vida e a única coisa que eu tenho certeza é de que sou mãe da Lulu, o resto, só Deus sabe. Mas não tô a fim de falar nisso, não, tá?...

Lulu tá tão espertinha que às vezes me surpreendo. Aprende tudo tão rápido, dá umas respostas hilárias, é tão feliz que me faz feliz também. Hoje achou que seria boa idéia passar a madrugada acordada. Justo hoje, Lulu, no dia que mamãe tem que sair cedo pra trabalhar? Mas nem fiquei chateada, as horas que eu passo com ela, mesmo morrendo de sono, tem sido as mais agradáveis do dia. Liguei a TV e ficamos assistindo aos desenhos da DK, brincando de barraca com o lençol, fazendo cócegas. Às 4 da manhã ela enfim ficou exausta e dormiu, já eu cheguei atrasada no hospital e tô aqui morta de cansaço... Ossos do ofício...

Já consegue acompanhar as coreografias dos DVDs de Xuxa (mãããe, qué xuxu!!!), dá voltinhas, abaixa, levanta os pés, bate palmas, uma graça! Só sai se levar uma bolsa a tiracolo, tive que arrumar uma proporcional ao tamanho dela, coloco um chaveiro com chaves velhas, um espelhinho, ela sai se achando o máximo! Tá aprendendo a tomar no canudinho, a comer sozinha (mesmo se lambuzando toda), calçar suas próprias sandálias... Tem dias que dá um trabalho monstro, faz birra, chora, dá chutes, igual a todas as crianças. Com seus 16 meses, nem sempre consegue entender o porquê de tudo, e se revolta se as coisas não saem conforme ela esperava (a mãe dela, com 28 anos, também não entende e ainda se revolta!...). Mas depois esquece, arranja outra distração, dá um sorrisinho e vai embora.

E eu, mesmo nesse tsunami de sentimentos, surpreendemente tripliquei a paciência com ela. Eu que não sou nem nunca fui a rainha da paciência, que incontáveis vezes já "despachei" meu bebê pra casa de mamãe por não aguentar mais ouvi-la chorando, não tô mais brigando, nem mesmo quando ela resolve abrir o armário da despensa e espalhar sopa instantânea por toda a casa... Quem mandou deixar a sopa ao alcance daquelas mãozinhas curiosas?

Na vida às vezes algum acontecimento inesperado acaba arracando um pedaço do nosso coração. Eu tô tentando me convencer de que tenho um coração enorme e vou conseguir viver bem com o resto que sobrou...