quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

SOBRE RESPEITAR O TERRITÓRIO DOS FILHOS

Essa blogosfera toda nadando em posts sobre a maternidade, e eu aqui pensando: será que, no fundo, ser mãe é um eterno "repetir"? Quero dizer, será que Ana Luiza, algum dia, vai sentar-se à frente do computador (ou coisa que o valha) e escrever sobre o quanto a mãe dela pode ser injusta às vezes?

Carece explicar o motivo dessas palavras. Mãe é um ser de quem brota um amor infinito e incondicional. A minha não é diferente. Mas da mesma boca de onde nascem cantigas de ninar também saem palavras tão duras, capazes de magoar durante um bom tempo. Palavras ditas pela mãe têm o poder de consolar mais do que quaisquer outras, entretanto também cortam profundamente quando mal empregadas. Mais do que quaisquer outras...

Imagino que seja difícil aceitar que aquele bebê de quem você trocou fralda, cuidou e decidiu tudo, cresceu e se tornou um ser pensante. Mas, sabe, isso tem que acontecer. Começa no dia em que ele entra na escola, e passa ao menos 4 horas fazendo coisas que estão fora do alcance de seu olhar de mãe. É um constante exercício de desapego, saudável para ambos. A criança se torna um adulto seguro, e a mãe tem a reconfortante sensação do dever cumprido. É aquela velha máxima que já se tornou clichê: criamos os filhos para o mundo...

Certamente Ana Luiza vai dizer que a mãe dela é muito injusta às vezes. Mas ela também saberá que eu pedirei desculpas. A questão é essa: a gente erra e ainda vai errar. Não custa pedir desculpas. Padre Fábio de Melo falou certa vez: mesmo sendo mãe, é preciso saber respeitar o território do outro. É filho, mas é outra pessoa, tem planos, opiniões. Às vezes a mãe acha que os 9 meses passados dentro do útero tornam o filho um "produto", sobre o qual ela tem todos os direitos. Mesmo para as crianças, isso não pode ser de todo verdade. Imagine para uma mulher de 30 anos...

O que eu definitivamente não quero é que Ana Luiza fique magoada como estou agora. Eu sei que vou magoá-la algumas vezes, mas espero que ela diga a mim o que está sentindo, para que eu possa pedir desculpas. Desculpar-se é nobre, e às vezes o bastante para aparar arestas. Reconhecer que, mesmo com a melhor das intenções, agiu de modo errado, em muitos casos é o suficiente. O amor que o filho sente pela mãe não diminui com a mágoa, mas dói, muito mesmo, perceber que seu limite não foi respeitado pela pessoa que você tanto ama.

E acho que esse também é um assunto no qual nós, mães dessa blogosfera, devemos pensar...


2 comentários:

Paty Fortunato disse...

Vixeee... na blogsfera quem mais "envade" território de filho sou eu! Já postei tantas fotos, em diversas situações. Uma vez postei Henrique sentado no troninho dele, foi a primeira vez q ele usou o troninho, e uma amiga comentou: " amiga, Henrique vai ficar zangado com vc quando for maior e ver essa foto"
Pensei nisso tb, mais depois achei bobagem, ele estava apenas com 2 aninhos, q mau tem? acho super normal isso... mais se realmente ele achar ruim, q exagerei, vou saber mais tarde rsrs...

Beijocas!

Anônimo disse...

Que bom te ver postar novamente...
Encontrei seu blog por acaso e li toda a tua história.. Doutora adoro quando você escreve :)