terça-feira, 21 de junho de 2011

SOBROU PRA MIM...

Eu queria hoje ser uma mulher daquelas bem descoladas. Sabem aquelas pessoas que se jogam de cabeça nas aventuras da vida e esperam pra ver no que dá? Aproveitar que tá tudo de cabeça pra baixo pra construir uma rotina nova, mudar os móveis de lugar, sair pela rua carregando a bebê no braço e desbravando o mundo! Porque aquela vidinha morna, diária, previsível, enfim, acabou.

Eu queria mandar esse medo de dirigir pra PQP (putz, por que o trânsito dessa cidade tem que ser tão difícil? Quando eu começo a criar coragem de novo os acidentes se multiplicam, morre gente conhecida debaixo de caminhão, que inferno!), pra não achar tão ruim me mudar pra um bairro distante da minha mãe (andar de ônibus com Lulu no Recife, vocês não tem noção...). E eu me lasquei o ano passado todinho trabalhando feito uma burra de carga pra pagar esse apartamento apenas porque eu iria com a família, mas agora vou ter que ir só, já que o outro abandonou o barco. Putz de novo, se fosse pra morar sozinha eu não teria comprado um apartamento tão longe!

Eu queria não ser tão dependente das outras pessoas, mas sempre fui, desde pequena, e agora tô achando uma droga ter que resolver tudo sozinha. Conheço pessoas que se saem muito bem nessas situações, mas eu tô apanhando! E aquela história de fazer um outro curso pra espairecer a cabeça não vai dar certo, porque o apartamento (lindo, porém no fim do mundo) é longe demais pra uma mãe que ainda precisaria buscar a cria na casa da avó às 10 e meia da noite... Joguei meu dinheiro fora de novo? PUTZ!!!

O Veleiro hoje não tem notícias de Lulu, só minhas. Ela continua linda, fofa, inteligente, esperta, feliz. A mãe dela é que tá só o bagaço da laranja...

domingo, 19 de junho de 2011

VIVENDO O LUTO DE CADA DOMINGO...

Desde que o pai de Lulu saiu de casa os domingos têm sido os dias mais complicados. Segunda eu tô no plantão, de terça a quinta sempre tem alguma coisa pra resolver (e ele estaria trabalhando mesmo...), sexta e sábado eu tô no plantão de novo, mas domingo era o dia de aproveitar a família. Claro, não fico prostrada em cima da cama chorando as pitangas - até porque Ana Luiza não deixa - mas não tô muito a fim de procurar ocupação hoje. Hoje não...

Ninguém pode me acusar de não estar tentando dar a volta por cima, mas toda perda na vida exige seu luto, não é mesmo? É científico, ou se vive o luto ou o trauma fica pra sempre. Todo manhã eu quero ficar debaixo do lençol pelo resto do dia, mas Lulu chama, puxa minha mão, pede pra colocar a quadrilha (já viram o post anterior?), agora inventou que eu tenho que dançar com ela também. Eu pulo, dou voltinhas, faço mingau, arrumo um zilhão de vezes os brinquedos, dou um jeitinho na casa, faço minha comida, enfim, tento levar a vida. No sábado Amilson está ficando com ela, como já acontecia, os dois passam o dia aqui em casa e ele vai embora depois que eu chego. E no domingo as coisas ficam difíceis.

Ana Luiza tá tirando de letra tudo isso (como é bom ser criança...). Amilson já passava a semana toda praticamente longe dela, na prática não mudou quase nada. Eu ando inventando coisas pra não deixar a tristeza tomar conta da minha vida (porque definitivamente eu não mereço esse fim), como essa história de voltar pra faculdade e fazer um curso que não tem nada a ver com a minha profissão (no caso, Administração de Empresas). É simples: 14 anos de vida juntos, meus amigos estão fatalmente vinculados a ele. Depois do casamento, então, nem se fala! E ficar em casa toda noite com a cabeça vazia sem ter muita gente com quem conversar é dar sorte ao azar, então resolvi ocupar meu tempo com algo que não me estressasse e me fizesse conhecer gente. A medicina anda atormentando muito meu juízo, não tenho mais certeza se quero passar o resto da vida vendo crianças doentes num hospital, e por outro lado não sei se conseguiria fazer outra especialidade, enfim, é hora de dar um tempo na medicina e pensar nela depois! Por isso, vou estudar outra área.

Mas isso é só um paliativo, lógico. É só uma maneira de continuar respirando agora que meus projetos de vida foram por água abaixo. Não me imagino sendo outra coisa na vida que não médica, pelo menos a médio prazo. E os plantões é que pagam minhas contas... Mas hoje eu queria ficar apenas aqui em casa, quietinha, vendo TV, lendo e-mails, visitando blogs... Por isso achei ótimo quando minha irmã e o marido pediram pra levar Lulu ao parque onde está havendo uma festa junina (mais quadrilhas...), ela foi toda vestidinha de matuta, uma graça. E eu fiquei aqui vivendo meu luto, me permitindo ser triste só por algumas horas, porque senão essa solidão vai durar a vida inteira. E eu não quero isso.

Ademais, o domingo já tá quase acabando mesmo...

quarta-feira, 15 de junho de 2011

QUADRILHA

Algumas notícias boas:
  • Voltei a dirigir (ainda sei fazer isso...)
  • Vou fazer outra graduação só pra passar o tempo (se eu ficar mais noites em casa sozinha vou ter que tomar antidepressivos)
E Lulu na maior animação, dançando quadrilha...


terça-feira, 7 de junho de 2011

UM DIA APÓS O OUTRO...

Uma vez eu li esta frase de Padre Fábio de Melo (sempre ele...): "Saber finalizar uma fase da vida requer tanta sabedoria quanto para iniciar". E uma importante fase da minha vida vem sendo finalizada nestes últimos dias. Aos poucos, é verdade, porque 14 anos é tempo demais para ser esquecido em 2 semanas. Tudo vem em doses homeopáticas: percebe-se que é o fim, aceita-se esse fato e tenta-se seguir em frente.

Não é fácil acordar sozinha toda manhã. Não é fácil passar o domingo - dia de ficar em casa, curtindo a família - sozinha em frente à TV. Mas descobri dentro de mim uma força que nem pensei que existisse, e posso garantir que a maternidade tem muita culpa nisso. Ana Luiza não me deixa curtir uma fossa em paz... Quando penso em desmoronar e me acabar em lágrimas, ela vem pedindo um abraço, arrastando um brinquedo, gritando "mãããe!". Como é que eu vou cair em depressão com uma coisinha tão linda dessa sorrindo pra mim com seus 5 dentes? Não, senhora!

Teve um post que li no blog Coisas de Menino, da Vivian, que falava desse amor incondicional dos filhos: podemos chegar descabeladas, acima do peso, naqueles dias em que brigamos com o espelho; não tem importância, somos lindas para eles, somos mães. Ana Luiza tem me feito sentir assim. Porque quando uma das pessoas que você mais ama no mundo te olha nos olhos e diz: "Não estou feliz e tenho o direito de procurar essa felicidade em outro lugar", é preciso um amor muito maior para te colocar de pé de novo. É esse o amor que a minha filha me dá todos os dias, como se dissesse: "Chora não, mamãe, eu acho que você me faz muito feliz!".

É só por isso que eu estou conseguindo, a cada manhã, ter alegria de novo...

Minha doutora particular...