sábado, 27 de março de 2010

SAUDADES DE MIM


Acabei de colocar Ana Luiza para dormir depois do lanchinho da tarde. É sábado mas nem parece. Não me lembro qual foi a última vez que dormi uma noite inteira, nem faço a mínima idéia de quando isso acontecerá de novo. Depois de 24 dias, essa privação de sono começa a fazer efeito na minha (já pouca) paciência. Ter um bebê em casa definitivamente não é fácil...

Fiz alguns progressos com a amamentação, embora não tenham sido muitos. A pediatra me examinou e constatou que não sou um exemplo de vaca leiteira: minha filha não conseguiu ganhar o peso que deveria simplesmente porque não tem leite o bastante no meu peito. Isso não é legal de se ouvir. Meu sutiã passou de 44 para 46 a troco de nada? Parece que sim. Todas as receitas caseiras para aumentar a produção de leite passaram a fazer parte da minha rotina, mas infelizmente tive que adotar a mamadeira para complementar as refeições de Ana Luiza, senão a coitada desnutria. Dar o leite no copinho para alguém que nem sustenta a cabeça era minha utopia e - é claro - não deu certo...

Outra coisa que comprovei foi que o Capitão é tão bom pai quanto marido. Isso significa que a parte pesada fica por minha conta, ou seja, sou eu quem vai acordar todas as vezes que Ana Luiza chorar, e vai permanecer acordada, andando pela casa, cantando, enfim, inventando moda até ela pegar no sono novamente. Também sou eu quem vai passar 24h do dia tomando conta dela, trocando fralda, ouvindo o choro, passando horas a fio com ela no braço sem ter como cuidar da sua própria vida. Essas coisas sempre sobram para a mãe.

Há momentos em que começo a chorar, como se gritasse desesperadamente "Alguém por favor devolva a minha vida!!!". Minha alma ama Ana Luiza, mas está sentindo necessidade de ter uma parte do dia em que não precise ser mãe: possa ser apenas a médica recém-formada que quer estudar para atender melhor seus pacientes, ou a esposa que quer ter um tempinho a sós com o marido, ou a mulher que quer resolver sozinha seus problemas diários. Acabei descobrindo que ser mãe toma todas as horas do dia, nas poucas ocasiões em que Ana Luiza se acalma e dorme tem uma casa inteira precisando ser cuidada, aí ela acorda e começa tudo de novo. Às vezes nem ir ao banheiro eu posso...

Foi isso que eu quis dizer com a história da privação do sono: sem dormir, a "magia" de ser mãe vai embora rapidinho...

quarta-feira, 10 de março de 2010

MEU MUNDO NÃO TERIA RAZÃO SE NÃO FOSSE VOCÊ...


Um bebê de 7 dias começa a ter muita fome, estou descobrindo isso. Muitas vezes acho que a quantidade de leite do peito não é suficiente para satisfazer Ana Luiza. Essa é uma coisa engraçada de ter filhos: não importa se você é leiga ou  médica, as dúvidas são sempre as mesmas... :-)

Estou fazendo um esforço incrível para não parar de amamentar. Cada vez que não consigo - ou por causa da dor, ou porque o leite acaba antes da fome dela - e preciso preparar uma mamadeira de NAN, meu coração dói. Não é drama não. Vou ser pediatra, quer coisa mais combatida pelos pediatras do que aleitamento artificial? Deus deu às mulheres um par de peitos capazes de produzir leite, nutritivo, estéril, é um absurdo se sujeitar a dar dinheiro para a indústria alimentícia e ainda expor a criança ao risco de infecções! Mas, como eu disse, nem o bebê nasce sabendo mamar nem a mãe nasce sabendo dar o peito. E o aprendizado é doloroso, principalmente quando surgem fissuras, como está acontecendo comigo...

Quando Ana Luiza chora e nem o ombro do pai dá jeito, já sei que é hora de mamar. Eu estava chorando feito uma desesperada cada vez que ela mordia e tentava puxar, toda desajeitada. Ninguém tem noção dessa dor, é uma loucura! Está começando a cicatrizar agora. Não tem pomada que resolva. Mas o fato é que muitas coisas mudam na sua cabeça depois que um bebê nasce, e não estou aqui para repetir clichês. Minha gravidez foi algo que aprendi a aceitar aos poucos, adaptei meus planos ao fato do futuro trazer uma criança a tiracolo, mas em nenhum momento me tornei uma apaixonada pela barriga. Não vejo mal algum em admitir isso, aliás, não sinto a menor saudade daquele barrigão: não me deixava escrever direito (ah, câimbra do escrivão...), me fazia usar roupas enormes (parecia um garrafão de água mineral), dificultava para dormir... A manhã em que acordei para ir à maternidade foi uma das mais felizes que já tive, finalmente xô, barriga! Agora sim vou cuidar de mim! Aí veio essa coisinha miúda e mudou toda a história...

Ana Luiza é tão pequenininha, tão frágil, depende tanto de mim e do pai dela, que é impossível não mudar certos hábitos só para que ela não sofra. E a vontade é só essa: é como se eu fosse capaz de fazer qualquer coisa só para que ela não sofra. Parar de tomar refrigerante, por exemplo, para evitar que ela tenha gases. Não é algo forçado, como tentei fazer durante a gravidez, é algo natural, eu realmente acho que não devo fazer nada que possa prejudicá-la, mesmo que isso signifique abandonar hábitos que eu amo. De repente não tem mais problema ficar com a mão suja de cocô, afinal ela não pode ficar sem trocar a fraldinha. E por isso ainda tento dar o peito, mesmo que isso não seja nem de longe algo prazeroso (como dizem que é), porque é o melhor alimento para ela e nesse momento ela é o mais importante. É mais importante que eu. Isso nunca aconteceu na minha vida, alguém ser mais importante que os meus projetos, que as coisas que eu quero fazer. E, ao contrário do que acontecia na gravidez, não estou achando isso ruim. O jeito que ela olha pra mim (nas vezes em que seus olhinhos de uma semana conseguem mirar alguma coisa) compensa qualquer sacrifício.

Repito o que já escrevi aqui: sou infinitamente imperfeita, não consigo nem sequer cuidar de mim direito, esqueço a hora de tomar meus remédios, me alimento mal. Mesmo assim Deus me deu uma menininha linda e disse que era pra eu tomar conta dela. Nem sei se mereço, muito provavelmente não, mas o fato dela ser perfeita e precisar de mim me faz ter vontade de ser uma criatura melhor para não decepcioná-la, só para que ela não sofra. Talvez esse seja o sentimento de ser mãe de que tanto falam. Só sei que alguma coisa mudou na minha vida. E que verdadeiramente, apesar da dor, do cansaço crônico, de todas as dificuldades, dessa vez eu estou feliz.

terça-feira, 9 de março de 2010

ENQUANTO ANA LUIZA DORMIA...


Depois de 6 dias nessa minha nova vida de mãe, apareceu um tempo (com Ana Luiza dormindo calmamente no bercinho depois de mamar e trocar a fralda) para escrever no Veleiro. Engraçado isso, a rotina dela é bem simples - banho, fralda, peito e berço - mas acaba tomando o dia todo! De repente é noite e você está acabada, moída, parecendo que correu uma maratona. Vai ver é quase uma mesmo...

Tive um parto tranquilo porque escolhi a via para a qual estava psicologicamente mais preparada. Se você não gosta de bloco cirúrgico, máscara, seringa e agulhas, nem faça cesária. Durante a cirurgia há uma pressão sem tamanho na barriga para tirar a criança, se você estiver estressada pode achar que estão tirando também seu estômago. Ana Luiza nasceu com uma circular de cordão no pescoço (coisa que não tinha há um mês atrás, como disse depois da USG) e por isso ficou um pouquinho engasgada, não deu logo aquele choro que eu estava esperando. A primeira imagem que tenho dela é aquela coisinha pálida, toda suja de vérnix caseoso, amarrada no cordão e tentando respirar. Mas deu tudo certo no final e nós duas tivemos alta com menos de 48h.

Dizem que os primeiros 15 dias com um bebê são aterrorizantes; é mais ou menos isso. São 9 meses de gravidez mas a sua ficha só cai depois que chega em casa. Nem na maternidade você se sente tão mãe, porque há todo um aparato pra te ajudar. Eu pensei que o pior seriam as noites em claro, mas até que estou lidando bem com essa parte; o pior está sendo a amamentação. Porque bebês nascem apenas com o reflexo da sucção, mas mamar é algo muito mais complicado para eles. Ana Luiza ainda não conseguiu a abertura de boca ideal para abocanhar toda a aréola, como é recomendado, às vezes fica chupando e não sai nada. Isso estressa o bebê - que continua com fome - e a mãe - que fica toda cheia de ferimentos. E fissuras mamárias doem, doem muito, fazem o ato de amamentar um ritual de tortura. O Capitão sabe bem do que eu estou falando, já que acabam sobrando para ele os abraços e as palavras de incentivo. Graças a Deus a coisa está evoluindo e já vejo alguns progressos meus e dela.

Bom, eu tenho que ir. Minha princesa acordou. É ela quem manda nessa casa agora...


sexta-feira, 5 de março de 2010

NASCEU MINHA PALITO DE FÓSFORO!


Pele branquinha, cabelo pretinho...