sábado, 28 de abril de 2012

O QUE É SER UMA BOA MÃE?

Tenho tido alguns momentos de descontrole emocional materno nestes últimos dias, semelhantes aos que freqüentemente aconteciam quando Ana Luiza nasceu. Tem horas que me sinto tão sobrecarregada nessa missão de cuidar de uma criança que não agüento, sento e choro. O mais engraçado disso tudo é geralmente Lulu está perto, senta também, diz "Num chóla, mamãe... Deita aqui, deita...", e me faz deitar a cabeça no colo pra que ela possa fazer carinho... Já ofereceu até a chupeta! #choromaisainda

Imagino que não seja necessário dizer o quanto criar filho dá trabalho. Todas as mães que lêem isso aqui sabem de cor os malabarismos que precisamos fazer para entreter uma criança durante o dia. Minha sala de estar tem mais brinquedos que móveis; na varanda ainda não consegui espaço para uma rede, mas certamente já achei para o cavalinho de madeira de Lulu; minhas canetas TODAS já estão sem tampa e destinam-se a colorir as figurinhas do caderno de desenho dela... Eu, que mal assisto à TV, estou cogitando comprar uma maior (a minha tem 20") somente para Ana Luiza poder admirar Uniqua e sua turma com mais nitidez... Tenho procurado um cantinho da minha vida que não esteja preenchido por essa cabritinha de 2 anos e não consigo encontrar...

Isso é lindo, mas - na prática - sufoca. Não sei se acontece com todas as mães (às vezes leio coisas que fazem parecer que a maternidade é um eterno conto de fadas), mas sufoca a mim, e nem é novidade dizer isso. Porque tenho saudades do tempo em que decidia a hora de me levantar da cama, e olhem que nunca fui de dormir até às 10 da manhã! Tenho saudades de quando podia planejar o que fazer no meu sábado livre, e quando conseguia cumprir meus horários de estudo sem ser interrompida por gritos de "Quélo vê Cocó (leia-se Galinha Pintadinha no Youtube)!". Tenho saudades do tempo em que eu era somente "eu", e não "mamãe".

Por isso tenho pensado sobre o que é ser uma boa mãe. Porque não aprendi a cozinhar para preparar comidinha saudável para Ana Luiza: hoje, por sinal, almoçamos miojo (não me orgulho disso, mas foi o jeito). Não deixei de tomar coca-cola nem durante e nem depois da gravidez: meu leite materno devia ter gosto de refrigerante (será que foi por isso que Lulu não quis mamar? Ela nem gosta de Coca...). Ainda não comecei o desfralde porque é preciso toda uma disposição para suportar dias de xixi esparramado pelo chão, a mesma disposição que deveria ter para ensinar Lulu a abrir a boca e escovar os dentes (e não apenas comer a pasta...). Eu venho tentando me encaixar nessa coisa de "ser mãe" com todas as letras, mas não tenho tido resultados muitos promissores...

Bem, é isso... Muita reflexão para uma tarde nublada... Vou cuidar da vida que amanhã tenho um concurso pra fazer... Beijos a todos!


sábado, 21 de abril de 2012

ATENÇÃO: POST CONTENDO DOSES DE DESESPERO

Então, como essa blogosfera é recheada de mães, vamos ao desabafo: gente, não tô aguentando mais! O que são esses 2 anos? O que é essa menina cheia de birras e vontades que deixaram aqui no lugar do meu bebezinho amoroso e tranquilo (oi?)? Alguém pode me explicar como isso aconteceu?

Está extremamente difícil manter a sanidade mental nesta casa porque não se assiste a mais nada na televisão que não seja Discovery Kids, não se lê mais nada que não sejam histórias infantis, não se fica um minuto sem estar rodeada de brinquedos e coisas parecidas. E eu tenho uma vida além desse ofício de mãe! A maternidade nunca foi meu objetivo principal (já disse isso aqui?)!

Minha cabeça vai explodir!





terça-feira, 10 de abril de 2012

LUTO - SOBRE A EFEMERIDADE DA VIDA

No domingo de Páscoa a mãe de uma grande amiga de infãncia sofreu um grave acidente de carro e acabou falecendo. Sabe aquela turma de meninas do colégio, que se reúnem umas nas casas das outras, e cujas mães acabam cuidando de todas como se fossem suas filhas? Pois é, era assim. Por isso foi inevitável sentir a perda de dona Graça como se também nós estivéssemos perdendo um parente querido. Porque mãe deveria ser eterna, e quem acha isso levanta a mão! o/

A vida é um sopro. A irmã de uma paciente que morreu durante o meu plantão disse essa frase pra mim. A vida é um sopro: cuide de quem você ama, esteja próximo daqueles que lhe são caros. Ninguém pode garantir que teremos essa chance amanhã. Fazemos planos bestas sobre o que vamos fazer no próximo final de semana, nas próximas férias; deixamos para dar depois o abraço que poderia ser dado hoje. E quem garante que o amanhã virá, para nós ou para os outros? Claro que a esperança de que cheguemos em casa sãos e salvos após um dia de trabalho é o que move a vida, e não poderia ser de outra forma. Mas também não podemos perder de vista a certeza da efemeridade dessa existência. Cada minuto desperdiçado é um minuto perdido: não volta, por mais que queiramos. Minha amiga, grávida de 6 meses, chorava dizendo que não tinha tido oportunidade de desejar "Feliz Páscoa" à sua mãe. Tudo tão de repente, num piscar de olhos um carro fazendo uma ultrapassagem proibida em alta velocidade destruiu a vida de uma família. E isso pode acontecer a qualquer hora, com qualquer um.

Eu já escrevi posts parecidos, porque toda vez que alguém próximo morre brota dentro de mim esse sentimento de carpe diem. Aproveitar a vida, cuidar de pai, mãe, filhos, irmãos, amigos... Não se conformar em viver um dia-a-dia mais ou menos, mas, ao contrário, buscar um jeito de fazer da rotina um prazer. Ter coragem para mudar suas escolhas, se estas deixarem de ser as mais corretas. Trabalhar o suficiente para pagar as contas e se divertir, e não viver juntando patrimônio: dinheiro foi feito pra gastar e passar troco, só isso. Se pensarmos direitinho, tem tanta coisa simples que a gente deixa de fazer sei lá por quê! Tem tanta mágoa besta que guardamos dos outros, às vezes da nossa própria família, por motivos tão pequenos! E o tempo passa tão rápido!...

Enfim, dona Graça partiu, fez realmente a Páscoa, já que essa palavra em hebraico significa Passagem. Deixou um marido enlutado, após quase 35 anos de casamento, três filhos biológicos e outros tanto - como eu - que se sentiam adotados por ela, e dois netinhos, um deles ainda no ventre da mãe. E esse post não tem a intenção de ser triste, apenas de nos levar a uma reflexão. É um convite para que analisemos a que estamos dando prioridade na nossa vida, e quem sabe, para que decidamos mudar o rumo de nossa própria história, quando ainda há tempo. Porque enquanto existir vida, caros leitores, podem ter certeza, ainda há tempo.

Até a próxima!