quinta-feira, 29 de maio de 2008

A CONIVÊNCIA


Semana pesada essa, e não estou falando só dos afazeres daquele hospital de loucos. Um economista foi assassinado no IPSEP no último sábado. Era pai de uma médica que trabalha comigo. Nessas horas a gente sente que a violência está bem pertinho, literalmente batendo na porta da nossa casa, lugar que consideramos o mais seguro do mundo. Poderia ser eu, você, poderia ser minha mãe - uma das únicas coisas que eu tenho - ou minha irmã, que chegava em casa bem na hora do assalto. Como é que se pode adivinhar a hora que o ladrão vai chegar? Quem pode condenar esse homem, que hesitou em dar a chave de casa aos assaltantes porque lembrou que sua esposa e sua filha estavam lá dentro? Quer dizer que nós é que devemos saber como nos comportar diante de um bandido???

Eu sei que a desigualdade social é grande, mas eu me pergunto o que nós podemos fazer de concreto para eliminar essa violência. Porque passeata e camisa branca não sensibilizam bandido, não. Eles não têm nada a perder. É um absurdo que nada realmente de importante tenha sido feito pelo atual governo em relação à segurança pública. A gente se acostuma a andar de vidros fechados, a não parar no sinal vermelho de madrugada, a não reagir aos assaltos, achando que é o necessário para sobreviver à violência. Mas é preciso compreender que ISSO NÃO É VIDA! Será que quem trabalha e ganha honestamente não tem direito de comprar o carro que quiser, chegar em casa à hora que quiser, usar relógio em via pública, sem ficar o tempo todo com medo de um trombadinha desses dar um bote e levá-lo embora? Tá bom que Zé das Couves não tem o suficiente para alimentar sua família, mas quem tem que pagar o pato sou eu???

Bandido é bandido e tem que ser preso. Não tem que ter piedade não. Não estou mandando pagar na mesma moeda (sou cristã...), mas quem mata um pai de família dentro de sua própria casa tem que ser preso e ao menos pagar pelo que cometeu. Acontece que um bando de policiais gordos que falam "A gente conseguimos prender o meliante" não tem condições de sair atrás desses marginais. É preciso que se entenda que hoje em dia ninguém mata pra roubar e comprar leite pra alimentar suas crianças: mata por safadeza, mata pra comprar droga, mata porque quer ser "o mau" da comunidade. Não tem que ter pena desse povo não. Tem é que botar atrás das grades.

Esse é mais um ano de eleição. Eu sou contra esse negócio de voto obrigatório e venho votando nulo desde que tirei o título. Será que estou sendo conivente com a insegurança? E o que me faria não ser conivente? Votar em Eduardo Campos teria me feito menos conivente? O que ele fez para impedir que esse senhor fosse assassinado? Votar em Lula teria me feito menos conivente? Quantas viaturas policiais Lula mandou pra cá? E os outros? Será que eu teria sido menos conivente se tivesse votado em Serra, Ciro Gomes, Mendonça Filho? Pois eu digo que não, porque é tudo farinha do mesmo saco. Nenhum deles tem um programa de verdade para melhorar a segurança, assim como nenhum deles fez nada pela saúde (e o povo está morrendo de dengue...), ou pela educação (e o povão continua burro...). Lembro muito bem que Eduardo Campos se elegeu prometendo que construiria 3 novos hospitais em Pernambuco. Pergunta: você construiu? Ele também não. Eu já ficaria satisfeita se tivesse Omeprazol no Barão (um remédio baratinho, que todo doente internado precisa tomar)! Mas a Refinaria, ah, a Refinaria está aí, porque vai dar muito dinheiro, vai atrair investimentos, um bocado de empresário que se consulta no Santa Joana vai trazer seus negócios para cá. Nenhum deles vai passar a madrugada na Restauração se sofrer um acidente. E na frente da casa deles têm seguranças pagos, protegendo a família, de modo que vai ser difícil algum assaltante causar prejuízos.

Aí eu pergunto: votar nulo realmente me faz conivente?

Um comentário:

Simone Lima disse...

q estoria triste... não sei onde essa violência vai parar. é absurdo demais!!!!!