sexta-feira, 2 de novembro de 2007

DE REPENTE DO RISO FEZ-SE O PRANTO...


Eu confesso: tenho uma dificuldade enoooorme de lidar com o fim das coisas. E nem precisam ser minhas coisas, podem ser as coisas alheias. Acabou? Então começa o meu doloroso processo de desapego.

Eu me apego às pessoas, como também ao que elas representam para mim, aos desejos (mesmo os de adolescência), ao papel que embrulhava o primeiro presente dado pelo Capitão (há 10 anos atrás...), ao poema que papai escreveu para mim em 1993, às fotos publicadas em álbuns de Orkut (e ao que as pessoas sentiam no momento em que elas eram tiradas), e etc, etc, etc. Eu sei que coisas (assim como sentimentos) começam e terminam todos os dias, porque o mundo é cíclico e - como já escrevi aqui antes - a pessoa que está ao seu lado hoje não é necessariamente a melhor dentre um universo de mais de 6 bilhões de seres da Terra. Mais dia, menos dia, uma mudança de emprego aqui, uma viagem ali, você pode acabar descobrindo coisas (e pessoas) bem mais interessantes, e aí é hora de dar um giro de 180º na vida e começar a andar para outro lado. Isso acontece, é fato, não é nada de outro mundo. Mas esse negócio de deixar para trás velhos sonhos, puxa, eu não consigo entender...

Tá bom, grandes mudanças não acontecem assim tão de repente: elas vêm sendo plantadas, regadas, cultivadas durante muito tempo antes de explodirem na nossa cara. E quando explodem, aí não têm mais jeito. Simplesmente não dá para continuar na mesma rotina, como se nada tivesse acontecido. A necessidade de mudar fica lá incomodando, impedindo a paz e a tranqüilidade do dia-a-dia. Tem que tomar decisões mesmo, e priu! Vai doer? Sempre acaba doendo para alguém. Mas, paciência! Toda dor passa, toda dor se esquece. Magoa, sangra, fere, mas passa como tudo na vida. Cicatriza. Vira só lembrança. Só que demora...

Mas aí eu penso: puxa, como é que pode? Para onde foi tudo aquilo que existia antes? Parecia tão sólido, tão bem construído!... Parecia que não iria ter fim! Agora está tudo aí, cacos espalhados no chão, nem sombra do que era, agora parece que nunca aconteceu, sempre foi assim. E eu tenho dificuldade de absorver mudanças tão drásticas em tão pouco tempo. Sofro como se fosse o fim das minhas coisas, sinto um vazio como se fosse a falta de algo dentro de mim. Passo o dia lamentando e tentando buscar explicações para o que não se explica: só não se acaba o que nunca se começa, e o importante é saber continuar além disso.

O tempo passa e as coisas se assentam, todas as mudanças terminam por fazer parte do dia-a-dia, deixam de ser mudanças e viram rotina outra vez. A gente se acostuma e o espanto desaparece. Mais dia, menos dia, podemos até concluir que foi melhor assim. Esquece até do sonho dos encontros na varanda do apartamento branco, dos meninos correndo, das calabresas assando na cozinha... Paciência, e bem-vindo à realidade.

Tem nada não, um dia eu me conformo...

2 comentários:

Mônica Dias Teles disse...

Nossa... parece que tô lendo a minha vida aqui...

Renata Maria disse...

Puxa .. Post feito para mim :( .. Tb estou na fase de espanto .. as coisas mudam mt rápido .. e o q antes eram sonhos .. hj se tornam atos impossíveis de serem realizados. Estou deixando o barco seguir .. e esperando para ver até onde o vento me levará. Obg pela sua amizade :D Bj.