terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

A LUZ DE MIL ESTRELAS SÃO TEUS OLHOS...


Acabo de saber que o marido de uma amiga minha faleceu hoje de manhã, aos 32 anos, de uma doença misteriosa no coração. Não consigo pensar em mais nada depois disso. Se vocês conhecessem Sabrina e Júnior, certamente também ficariam assim, chocados, como eu. Sabe aqueles casais que parecem terem sido feitos à mão um para o outro? Não é assim como eu e o Capitão, verdadeiros opostos que Deus quis que se tornassem marido e mulher: eles eram o casal perfeito, um combinava exatamente nos espaços do outro, gostavam das mesmas coisas, tinham os mesmos sonhos. Não se imaginava Sabrina sem Júnior, porque às vezes dava até raiva de como ela dependia dele pra tudo, e como ele saía de onde estivesse para encontrá-la, bastava um telefonema. Ele foi o único namorado dela, namoraram 7 anos e casaram. Agora vem a Vida e estraga tudo isso.

Faz 7 meses que eu perdi papai e ainda dói como se estivesse acontecendo hoje. Não tive direito de tê-lo no meu casamento e nem o terei na minha formatura. Papai não teve tempo de ter netos, e não levou nenhuma filha até o altar. Mas a morte de alguém com 32 anos parece que revolta mais. Eu tenho agora uma amiga com 27 anos de idade, que perdeu o amor de sua vida e não teve sequer o direito de ter filhos com ele! Se eu não consigo imaginá-la agora, dá pra ter idéia de como ela deve estar se sentindo? Em como deve estar sendo impossível para ela achar um pedaço de sua vida que não tenha a participação de Júnior? Dá pra ter idéia do que ela pensa pro seu futuro agora?

Estou dizendo isso porque eles tinham de relacionamento o mesmo tempo que eu e o Capitão temos, só que se casaram primeiro, porque ela terminou Enfermagem e eu não. E é difícil não fechar os olhos agora e imaginar como seria a minha vida sem meu marido, mesmo que eu queira afastar da mente esse pensamento terrível. A pergunta é: o que sobraria de mim se ele fosse embora? O que sobraria dos meus sonhos se ele não existisse mais? Que motivo eu teria para continuar abrindo os olhos a cada manhã?

Exagero? É não, pessoas. Encontrem o amor verdadeiro e vocês saberão que acontece exatamente desse jeito. Aquele alguém que te faz muita raiva, que não tira nem o prato que comeu da mesa, a quem você pede um favor de manhã e ele vai dormir à noite sem fazer, mas, mesmo assim, você ama enlouquecidamente e se preocupa a cada minuto que ele chega mais tarde em casa, aprende a cozinhar só pra fazer comidas gostosas pra ele, estuda no calor pra ele dormir à tarde com o ventilador ligado... Alguém que você ama e nem consegue achar um motivo lógico para isso: ama simplesmente. Eu até poderia viver sem o Capitão, mas com certeza a vida não teria mais nenhuma graça...

A gente perde tempo se estressando com bobagens na vida e às vezes só descobre o que era essencial depois que já perdeu. E quando casa, piora tudo. Aquilo que você passou anos suportando sem reclamar, de repente vira um problema sem tamanho. Os erros têm que ser apontados todos os dias, até um dos dois se cansar. Quando acontece uma tragédia dessa é que se pára e pensa como tudo é besteira. Você conclui que ama a pessoa mesmo que ela suje a cozinha toda quando fritar um ovo, que ela lhe deixe só numa tarde de sexta-feira para jogar futebol, que ela nunca tenha lhe dado flores ou deixado mensagens românticas no seu celular (embora você faça isso todos os dias...). Conclui que todos esses excessos são supérfluos e o importante é quanto essa pessoa lhe faz rir todos os dias quando toca músicas engraçadas no violão ou como ela é paciente escutando seu relatório diário de lamentações sem reclamar. O que importa no final é só isso.

Eu ia postar aqui as desventuras em série da minha vida e como eu fui mais uma vez excluída no rodízío de obstetrícia, mas perdi a vontade. É tudo besteira mesmo. Como sempre disse papai:

"A vida é uma ilusão.
De que serve lutar
se tudo vai terminar
em pó funéreo no chão?"

E é isso.

4 comentários:

Mônica Dias Teles disse...

Ehhhh... lidar com perdas é bastante complicado...
Principalmente quando ela vem através da morte! Faz a gente refletir, né???

Bjsssss

Mônica Dias Teles disse...

Ahhhhh esqueci de dizer... estamos marcando uma comemoração de aniversário da minha mãezinha lá no meu paraíso... Vai ser dia 08/03, o dia inteiro, lá...
Leva mainha!!!

Bjãoooo

Luciana Cavalcanti disse...

Marcellinha:
Antes é preciso entender que amar profunda e verdadeiramente alguém é uma maneira de morrer...
Pergunte a quem também acredita que encontrou e está sozinho/a...!

Mas, percebo um fato seríssimo: OôOooOoô, vejo que há choques de calendários...! Dia 08 é concorrido!!! rsrsrs

E Mônica tem um Blog????? Isto é coisinha de perfil, né????

Xêros...

Simone Lima disse...

não tem como não ser triste uma situação dessa... mas vejo que de alguma forma acendeu uma boa reflexão pra vc. te cuida. bj