terça-feira, 27 de março de 2007

O NEGÓCIO É TENTAR SOBREVIVER!


Meu pai está doente e vai ter que se operar de novo, pela 3ª vez. Isso é péssimo. Quem já passou por cirurgia na família sabe o quanto é complicado, o quanto todo mundo fica abalado psicologicamente e o quanto é preciso ter paciência uns com os outros. Imagina pra mim, que além de tudo sou uma estudante de medicina!

Médicos - e quase-médicos - têm dificuldade de lidar com problemas pessoais de saúde. Vivemos todos os dias com os problemas dos outros, quando é conosco a coisa é diferente. Mesmo sem querer, eu tenho uma visão distanciada da doença do meu pai, diferente de como mamãe ou Mellina vêem. E não sei se isso é muito bom, mas é a forma que encontrei de sobreviver.

Mas agora vai começar aquela agonia toda de novo. O pior na cirurgia de papai é o pós-operatório, porque dói bastante e o paciente fica quase que totalmente dependente da ajuda de outras pessoas. E isso é muito ruim pro meu pai que - além de também ser da área de saúde e já ter a dificuldade natural de lidar com essa situação - tem um limiar muito pequeno pra dor. Papai sente dor por qualquer coisa e não consegue suportar isso. E a gente fica sem saber o que fazer quando ele começa a reclamar e se lamentar. Precisa mais do que paciência, porque realmente não é uma situação muito confortável pra quem está acompanhando.

Por outro lado, mamãe é a pessoa mais preocupada que existe na face da Terra (e isso vocês já sabem). Se papai der um "ai" ela se desespera e quer mover o hospital inteiro. E como papai passa o dia inteiro distribuindo "ais", vocês imaginam como seja a história... Eu até que tento ficar lá com ele (podem acreditar, eu sou a pessoa mais equilibrada!), mas mamãe não quer sair do hospital de maneira nenhuma. Ela acha que ninguém vai saber cuidar de papai como ela (mamãe acha que ninguém sabe cuidar de nada como ela, mas isso não vem ao caso...), e papai também acha isso (pra piorar a situação). Enfim, geralmente papai fica internado apenas por uma semana, mas é a semana mais estressante da minha vida...

O caso é que não adianta nem sofrer de véspera e nem sofrer por outra pessoa. Eu confio nos urologistas do HC, porque conheço muitos deles e sei que são competentes. Pode ser qualquer coisa, mas ao menos lá existe leito para os pacientes e ninguém precisa ficar internado nos corredores (como acontece no HR). Papai tem 71 anos e pode por isso ficar com um acompanhante 24 horas por dia (que nesse caso é mamãe), mas eu sou estudante de medicina, entro naquele hospital à hora que quero e pago pra ver quem vai me tirar de lá (nessas ocasiões é preciso fazer valer minha patente!). Sempre há uma forma de sobreviver, e eu sei que vou arranjar a minha quando esse inferno recomeçar...

Bem, mas a vida continua, não é mesmo? E eu estou organizando meu chá-bar, evento que não tem mais data definida: vai depender da festa de 15 anos da minha turma do colégio, do calendário acadêmico do 8º período e - agora - da cirurgia de papai. Mas estou preparando, porque o tempo urge e preciso adiantar tudo o que conseguir. Espero que seja divertido...

Espero também que a cirurgia não acabe sendo marcada pra julho. Ninguém merece...

3 comentários:

Paulinha disse...

Eitaaaa!!!
Essa do teu pai foi fogo né???
Mas vai dar tudo certo..
QQ coisa sabe que pode contar conosco né???
Bjossss

Mônica Dias Teles disse...

Eu sei bem o que é alguém no hospital!
Barra!
Se precisar de algo...

E que venha o chá!
Quero ir, viu?
rsss

Cheirosssssss

Unknown disse...

Cheguei a três conclusões com esse seu post:
Todos os pais têm pequeno limiar para dor...
Todas as mães acham que ninguém faz as coisas como elas (mesmo que elas estejam desesperadas).
Nenhum médico ou quase sabe cuidar da sua própria família, por mais equilibrado que seja...

Mas tudo vai dar certo!
E eu estou aqui!

Beijos